Rafael Simões fala a CIA JALC

02-05-2012 | Por Fernando Zaneti

Rafael Simões é Co-fundador da CIA de Artes Decálogo JALC. Com uma formação Tecnológica, iniciou no teatro apenas por hobbie, após refletir sobre o rumo de sua vida, viu que não poderia viver sem arte. Hoje ele atua, escreve e dirige. Veja sua entrevista a CIA Decálogo JALC.


Rafael Simões

CIA Decálogo JALC: Porque você optou por esse oficio de ator?

Rafael Simões: Minha formação hoje é 'Técnico em Mecânica de Precisão, formado pela Escola SENAI 'Suíço-Brasileira', onde atuei no setor industrial até dezembro de 2011. Conheci o teatro na escola, quando estava na quinta série e me encantei. Sempre pensava em poder fazer parte daquilo novamente, mas não sabia como. Em 2001, conheci as pessoas com as quais fundamos o Ministério de Artes JALC e dentre elas, hoje permanecem somente o Doni Araújo e eu. Durante esse período, minha atuação nas artes cênicas era simplesmente por 'hobbie', já que pensava em ganhar dinheiro e seguir carreira nas minhas formações tecnológicas. Há pouco tempo, parei pra pensar sobre como desejaria estar daqui dez anos e a resposta foi mais simples do que parecia. Não me vejo fazendo outra coisa a não ser arte. Amo ser ator e me encanta o mundo da dramaturgia.


CIA Decálogo JALC: Quais atores inspiram o seu trabalho?

Rafael Simões: Irei responder pensando em profissionais das artes que me inspiram. Charlie Chaplin, Marlon Brando, Jacques Lecoq, Etienne Decroux, Jean Louis Barrault, Marcel Marceau, Diogo Vilela, Lázaro Ramos, Matheus Nachtergaele, Wagner Moura, Leonardo Da Vinci, Willian Shakespeare, Nelson Rodrigues, Constantin Stanislavski, Eugenio Barba, Renato Russo, enfim, poderia continuar com uma lista longa. O interessante é se inspirar não somente em uma única vertente, um único ponto, mas procurar a diversificação de idéias. Cada artista e/ou teórico, tem um ponto único e diversos pontos de vista para um mesmo assunto. Temos que absorver aquilo que nos interessa e descartar o que não julgamos importante. Mas não devemos desprezar aquilo que não é importante agora, pois como dizia o Raulzito, 'eu prefiro ser essa metamorfose ambulante', então nossas opiniões podem mudar quando menos esperamos.


CIA Decálogo JALC: Atualmente o Teatro Dança ou Dança Teatro tem tido um destaque no cenário das artes, a respeito disso como busca se enquadrar na inter disciplinaridade da arte?

Rafael Simões: A 'dança-teatro' não é algo tão novo quanto se ouve por aí. Existem trabalhos já realizados onde a dança fora incorporada no teatro e vice-versa. Esta modalidade, se é que podemos chamá-la assim, é um tanto parecida com os musicais, com a exceção que não há cantores e as danças são específicas, como balé, flamenco, jazz, hip hop, etc. Se é importante? Óbvio. Eu busco por ser completo, mas estou muito aquém disto. Penso que um artista de palco deve saber dançar, cantar, dar saltos, cambalhotas, interpretar, fazer mímicas, ser palhaço e qualquer outra coisa que eu não tenha mencionado, mas importante para o corpo em poesia. Para me enquadrar, necessito buscar pelo fortalecimento de minhas fraquezas e é isso que venho tentando trabalhar. Não sou um exemplo de artista a ser seguido, mas dentro de minhas possibilidades, procuro aprender um pouco de tudo. Não dá pra ser especialista em tudo, mas é possível termos boas performances em diversos campos artísticos, podendo assim abrir inúmeras portas, janelas e caminhos para a nossa carreira.


CIA Decálogo JALC: Qual a importância do corpo para o ator?

Rafael Simões: O corpo do ator é sua ferramenta de trabalho! Quem não trabalha, morre de fome. Isso significa que tenho que ser perfeito, ter todos os membros e não ser vítima de qualquer seqüela deixada em nossa vida? Não! Existem trabalhos onde portadores de capacidades especiais apresentam espetáculos teatrais. Não somente apresentam, mas o fazem de forma excelente. A importância do corpo não é sua perfeição estética e orgânica, se é que existe isto em um corpo com tal adjetivo, mas o autoconhecimento desse corpo. Se não conheço os limites do meu instrumento de trabalho, irei danificá-lo com muita facilidade, às vezes até de forma permanente. Temos que conhecer os limites de nossos corpos, cada vez mais tentar tornar esse limite mais flexível, mas sem exceder as condições físicas que temos. Experimente quebrar a boca de um copo e beber água com ele após isso.


CIA Decálogo JALC: Quais as maiores referências no Teatro Físico?

Rafael Simões: Nesse segmento, eu tenho uma queda principalmente pela mímica, mas nomes que me chamam muito a atenção são Etiènne Decroux, Jacques Lecoq, Marcel Marceau, Eugênio Barba, Letícia Stoklos, dentre outros. As pessoas que me ajudaram a conhecer e compreender um pouco melhor tais artistas, os quais estimo e admiro muito são Fernando Vieira, Luis Louis e Dani Flor.



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